A cápsula do tempo da era nazista, no laboratório do Museu Nacional em Szczecin, na Polônia
O passar do tempo não deixou rastro nos documentos da Alemanha nazista encontrados dias atrás na Polônia. Os papéis foram achados intactos.
Um grupo de arqueólogos armados com martelos derrubou parte da estrutura de uma antiga edificação nazista até dar de cara com uma cápsula de cobre há 82 anos enterrada na cidade polonesa de Zlocieniec.
"Foi muito emocionante finalmente encontrar o lugar onde ela estava escondida", disse à BBC a arqueóloga Alicja Witowiak, que participou da descoberta.
Ela conta que as primeiras buscas foram iniciadas na década de 70 por soldados da antiga União Soviética que ocupavam a construção - um antigo campo de treinamento nazista.
Porém, as tentativas fracassaram. "Fizemos uma investigação documental exaustiva para identificar o local preciso", disse Witowiak.
O que havia dentro da cápsula?
Sebastian Kuropatnicki/AP
Conteúdo da cápsula do tempo da era nazista é exibido no laboratório do Museu Nacional em Szczecin
O mais surpreendente, segundo Witowiak, foi encontrar documentos que descreviam com detalhe a criação da escola de Krössinsee, erguida no mesmo local antes da Segunda Guerra Mundial.
O cilindro guardava jornais datados de 21 e 22 de abril de 1934, que divulgavam a inauguração do instituto - um dos três fundados para formar os futuros combatentes nazistas.
Foram preservados um convite para a abertura do local e um programa com as celebrações que foram realizadas na então cidade de Falkenburg - a hoje Zlocieniec -, no noroeste da Polônia.
E por que os nazistas queriam enterrar objetos e documentos daquela época?
A arqueóloga explica que o objetivo era aprisionar o tempo no qual a ideologia nazista começava a ser posta em prática. A cidade de Zlocieniec fez parte da Alemanha até a derrota nazista em 1945.
Na cápsula também estavam fotografias de Adolf Hitler, várias cópias do seu manifesto Minha Luta (Mein Kampf, no original em alemão), moedas e fotos da cidade, assim como um folheto publicado por ocasião dos seus 600 anos e um caderno ilustrado que incluía informação sobre a mesma.
O conteúdo foi divulgado recentemente pelo Museu Nacional de Zlocieniec , onde as peças históricas foram exibidas.
A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
A Floresta Amazônica tem uma variedade tão grande espécies de árvores que catalogá-las levaria três séculos, segundo estimativas de um novo estudo. O trabalho publicado no periódico Scientific Reports fez um levantamento dos mais de 500 mil exemplares reunidos por museus nos últimos 300 anos.
E mostrou que aproximadamente 12 mil espécies foram descobertas até hoje. Com base nesse número, cientistas preveem que ainda restam a serem descobertos ou descritos em detalhes cerca de 4 mil tipos raros de árvores.
Só foi possível elaborar essa lista graças à digitalização dos acervos de museus ao redor do mundo. Os pesquisadores dizem que ela ajudará quem busca proteger a florestal tropical com a maior biodiversidade do mundo. "A lista dará aos cientistas uma melhor noção do que há de fato na bacia amazônica, e isso contribuirá com os esforços de preservação", diz um dos autores do estudo, Hans ter Steege, do Centro de Biodiversidade Naturalis, da Holanda.
Calma, calma... se você é um cristão devoto, não fique chateado com o conteúdo da matéria antes de explicarmos melhor sobre o que se trata! Afinal, a nossa intenção não é questionar a fé de ninguém, mas sim abordar o que sabemos de concreto sobre a pessoa, o ser humano, de carne e osso, que causou tamanho impacto e influenciou tanto a sociedade moderna.
Afinal, não existem dúvidas de que Jesus certamente é um dos homens mais famosos do planeta, certo? Por outro lado, apesar de sabermos tanto a respeito de sua história — sabemos onde ele nasceu, por onde pregou, onde foi preso, julgado, morto e sepultado —, até agora existem arqueólogos, historiadores, especialistas, fiéis e não fiéis em busca de provas palpáveis de que ele realmente caminhou entre nós.
Por que a dúvida?
De acordo com Natalie Wolchover, do portal Live Science, a maioria dos historiadores — cristãos e não cristãos — parecem concordar que Jesus existiu de verdade. Mas, em vez de tirar suas conclusões a partir de descobertas arqueológicas ou baseados no sem fim de relíquias religiosas que existem mundo afora, os estudiosos se baseiam em evidências textuais presentes na Bíblia e em outros registros antigos.
Bíblia de mil anos descoberta na Turquia
Isso porque, embora tenhamos tantas informações sobre a vida terrena de Jesus, ninguém conseguiu identificar a casa onde ele viveu, por exemplo, nem encontrar artefatos que faziam parte de sua rotina. E com respeito a itens como os supostos fragmentos da cruz e pregos associados com a crucificação que existem mundo afora, se juntássemos todos eles, seríamos capazes de construir um barco inteiro!
Supostos fragmentos da cruz, localizados em Waterfold, na Irlanda
Sem falar que não existem restos mortais de Cristo para que os cientistas possam conduzir milhares de análises e testes — o que é evidente, pois Jesus foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia e subiu ao céu, onde está sentado à direita de Deus-Pai Todo Poderoso, não é mesmo?
Falta de provas materiais
A questão é que as evidências materiais relacionadas com a vida e a morte de Cristo não se sustentam quando são submetidas ao crivo dos cientistas. Pense no caso dos pregos. Em 1911, um jesuíta inglês chamado Herbert Thurston contou todos os itens que supostamente teriam sido usados na crucificação. Sabe quantos ele descobriu?
Um dos supostos pregos usados na crucificação, em exposição na Catedral de Trier, Alemanha
Apesar de ser estimado que os romanos tenham empregado entre três e quatro pregos para pregar Jesus na cruz, Thurston encontrou um total de 30 que estava sendo adorado como relíquia em igrejas da Europa. O mesmo se aplica aos fragmentos da madeira que compunha a cruz — da qual existem mais pedaços por aí do que os pregos.
Coroa de Cristo em posse da Catedral de Notre Dame, em Paris
Também existem supostos espinhos da coroa que Cristo teria usado na crucificação aos montes, e inclusive é possível ver uma coroa quase completa em exposição na Catedral de Notre Dame, em Paris — embora ela não tenha um espinho sequer. E ainda temos o Santo Sudário — que até hoje, séculos após sua descoberta, ainda não teve a sua origem e autenticidade comprovadas pela Ciência, e a própria Igreja não reconhece sua legitimidade oficialmente.
Sudário de Turin
Esse importante artefato é tido pelos fiéis como o lenço de linho que envolveu o corpo de Cristo após seu sepultamento. Entretanto, exames de datação revelaram que o tecido foi produzido no século 14 e, coincidentemente, o primeiro registro de sua existência foi redigido por um bispo francês chamado Pierre d’Arcis em 1390 — ou seja, no mesmo século. Nem os testes de DNA que foram conduzidos no ano passado ofereceram respostas conclusivas.
Mais evidências icônicas
Infelizmente, o que não faltam por aí são relíquias religiosas cuja procedência não pode ser comprovada e que simplesmente provam ser falsas. Um exemplo disso é o caso da celebrada coleção de 70 códices de metal descobertos em uma caverna na Jordânia e que chegaram a ser consideradas como provas da existência de Jesus.
Um dos códices descobertos na Jordânia
Em um primeiro momento, os cientistas pensaram que essas relíquias teriam sido produzidas apenas algumas décadas após a morte de Cristo. Contudo, análises posteriores revelaram que, na verdade, o texto presente nos códices era uma salada de dialetos e que o conteúdo não fazia o menor sentido — e testes demonstraram que os artefatos foram produzidos nos últimos 50 anos e, portanto, haviam sido forjados.
Um dos Manuscritos do Mar Morto
E já que estamos no assunto de códices e textos antigos, até os famosos Manuscritos do Mar Morto, descobertos na década de 40, quando examinados detalhadamente, não provam a existência de Cristo. Em uma passagem o texto se refere a um “professor da virtude” e, apesar de muitas pessoas acreditarem que o tal professor seria Jesus, a verdade é que, esse sujeito podia ser qualquer pessoa. Ou não?
Jesus, o homem
Na verdade, apesar de existirem historiadores que acreditam que Cristo nunca existiu e não passa de uma “fabricação”, para a maioria dos estudiosos, as evidências de que ele foi uma pessoa real são mais contundentes. De momento, as provas sobre sua existência — como ser humano, de carne e osso — são obtidas da própria Bíblia.
Jesus e seus discípulos
Os especialistas no tema (cristãos e não cristãos) acreditam que os evangelhos de Mateus, João, Marcos e Lucas foram efetivamente redigidos por discípulos do Nazareno décadas após a sua morte. Além disso, eles pensam que os evangelhos que não chegaram a ser canonizados também foram escritos por pessoas que viveram próximo à sua época.
É evidente que existem muitas discrepâncias e contradições entre os relatos, mas muitas informações são comuns nos diferentes evangelhos — e a análise desses dados (ao longo de séculos e séculos de estudos) permitiram que os estudiosos traçassem um perfil de quem foi Jesus, o homem.
Resumo de uma vida
Segundo os historiadores, Cristo nasceu pouco antes do ano 4, cresceu em Nazaré, um pequeno vilarejo localizado na Galileia, e pertencia a uma classe de camponeses. Seu pai era carpinteiro, e Jesus seguiu a mesma profissão. Mas os estudiosos acreditam que isso indica que a família possuía terras para a agricultura, mas, por algum motivo, perdeu tudo.
Sua trajetória foi marcante
Além disso, o Nazareno foi criado como judeu e foi um devoto seguidor de sua fé até a sua morte. Por certo, suas ações indicam que ele nunca pensou que estava traindo a sua crença — e que ele nunca teve a intenção criar uma nova religião. Quando chegou à idade adulta, Jesus partiu de Nazaré e se encontrou com João Batista, o profeta que o batizou.
Os historiadores acreditam que Cristo pode ter tido algum tipo de experiência divina na ocasião, já que, pouco tempo depois, ele começou a pregar em público a ideia de que o mundo poderia ser transformado no “Reino de Deus”. Com o tempo, Jesus se tornou um destacado professor e profeta, e começou a demonstrar talento para a cura — habilidade sobre a qual existe um enorme número de relatos.
Seus seguidores relataram tê-lo visto após sua morte
Por fim, Jesus foi executado pelos romanos e seus seguidores revelaram tê-lo visto após a sua morte. E foi só depois de Cristo morrer, seus discípulos declaram que ele era seu “Senhor” e “Filho de Deus”.
Notícias que envolvem ciência e religião são sempre muito curiosas e polêmicas. Na semana passada, pesquisadores israelenses divulgaram um caso insólito: um paciente em estado grave de epilepsia relatou ter visto e conversado com uma figura que ele identificou como sendo Deus. E o melhor de tudo é que o homem estava conectado a um scanner cerebral, então os médicos puderam monitorar as regiões ativas no momento do suposto contato.
Além disso, apesar de o homem ser judeu, ele não se considerava uma pessoa muito religiosa. Até então, ele nunca havia tido nenhuma experiência inexplicável, tornando a história ainda mais surreal. O homem, de 46 anos, sofre de epilepsia de lobo temporal direito a vida inteira, o que causa alucinações que podem durar de alguns segundos ou até vários minutos.
Seu tratamento inclui medicações anticonvulsivas, que evitam que as crises neurais se espalhem para outras áreas do seu cérebro. “Enquanto estava deitado na cama, o paciente de congelou de forma abrupta e olhou para o teto por alguns minutos, afirmando mais tarde que ele sentiu que Deus estava se aproximando dele”, relatou um dos médicos.
Homem teve crise epilética e supostamente conversou com Deus durante exame médico
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Psicose ou mistérios da fé?
Se você achou isso estranho, precisa saber o que aconteceu depois... De acordo com os médicos, durante o transe, o homem começou a entoar cânticos religiosos e, olhando fixamente para o seu solidéu (aquele chapéu usado pelos judeus), gritou: “E você é Adonai, o Senhor!”. Adonai é a maneira como os judeus se referem a Deus.
Depois do relato, os médicos foram analisar o que a varredura cerebral apontou durante o suposto encontro do homem com Deus. Curiosamente, houve um aumento da atividade no córtex pré-frontal esquerdo – no lado oposto de onde se originam suas crises epiléticas. Segundo os especialistas, o homem teve uma experiência PP, que pode surgir durante uma convulsão e causa alucinações visuais e/ou auditivas, delírios, paranoia e até agressões.
A PP é conhecida como “psicose pós-ictal”, sendo bastante grave, mas rara de ser observada. Isso deixou a equipe médica intrigada, já que o paciente nunca tinha demonstrado algo do gênero e teve a ocorrência justamente em frente aos especialistas. O fato de ela ter trazido “alucinações” com Deus deixa tudo ainda mais misterioso, e os médicos não souberam determinar o motivo para isso acontecer com uma pessoa que não praticava a religião.
Atividade cerebral do paciente durante seu suposto encontro com Deus
Uma versão colorida e detalhada de uma imagem da superfície da lua Europa, de Júpiter
A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) já havia afirmado que Europa, uma das luas de Júpiter, era o lugar mais provável de ter vida fora da Terra. Agora, um estudo comprova que o balanço químico dos oceanos do satélite é muito parecido com o da Terra.
A pesquisa mostra que é possível que exista hidrogênio e oxigênio suficientes para a formação de vida por lá, ainda que não exista atividade vulcânica na lua de Júpiter. Já era sabido que Europa tem outros elementos favoráveis à vida como gás carbônico, água oxigenada e enxofre.
"A Europa é recoberta por uma camada de gelo relativamente fina, possui um oceano [líquido sob o gelo] em contato com rochas no fundo, é geologicamente ativa e bombardeada por radiações que criam oxidantes e formam, ao se misturar com a água, uma energia ideal para a vida", afirmou Robert Pappalardo, cientista da Nasa em 2013.
O estudo, publicado pelo periódico Geophysical Research Letters, descobriu que a produção de oxigênio tanto na Terra quanto em Europa é cerca de dez vezes maior do que a produção de hidrogênio.
Na Terra, nossos oceanos produzem hidrogênio e calor quando a água salgada do mar penetra nas fissuras da crosta terrestre e reage com os minerais. O objetivo dos cientistas agora é saber se essa reação também acontece no satélite de Júpiter.
Europa também possui fissuras em sua crosta e elas são cinco vezes maiores do que as da Terra: cerca de 25 quilômetros de profundidade.
Quando a Nasa enviou a sonda Galileu para Júpiter, em 1989, foram necessários seis anos para que a sonda chegasse ao quinto planeta do Sistema Solar.
Outras sondas da Nasa já passaram perto de Europa, especialmente a Galileu, mas nenhuma se concentrou especificamente na lua, que é uma das dezenas que orbitam Júpiter.
Reconstituição artística mostra Homo floresiensis após ter abatido um animal
Parece que a convivência entre hobbits e seres humanos só aconteceu mesmo nas páginas do clássico "O Senhor dos Anéis". Novas escavações na caverna da Indonésia onde vivia o Homo floresiensis(humano primitivo que media apenas 1 m e foi apelidado de "hobbit) sugerem que ele se extinguiu há uns 50 mil anos - provavelmente antes de o homem moderno aportar por lá.
Com base nos dados iniciais obtidos no abrigo rochoso de Liang Bua, que fica na ilha de Flores, os pesquisadores haviam proposto que a espécie de "hobbits" teria sobrevivido até 12 mil anos atrás. Nessa época, os seres humanos anatomicamente modernos, ou Homo sapiens, já tinham invadido praticamente todas as regiões do planeta e estavam inclusive começando a dominar a agricultura. Seria bastante provável, portanto, que as duas espécies tivessem entrado em contato, e até que a chegada de invasores humanos pudesse ter sido a causa do sumiço do diminuto H. floresiensis.
Peter Brown
Crânio de humano moderno (direita) e do Homo floresiensis, hominídeo anão que viveu na Indonésia
Desde a publicação dos resultados originais sobre o hobbit indonésio (feita em 2004), no entanto, arqueólogos e antropólogos voltaram à caverna de Liang Bua diversas vezes e puderam examinar com mais cuidado a estratigrafia do local, ou seja, como as camadas de sedimentos e rocha se acumularam ao longo dos milênios por ali.
É o que descreve a equipe liderada pelo indonésio Thomas Sutikna, da Universidade de Wollongong, na Austrália, na última edição da revista científica "Nature". Eles verificaram que boa parte da caverna estava recoberta por uma espécie de pedestal de sedimentos, que inclui pedaços de estalagmites, fragmentos vulcânicos - e também ossos do H. floresiensis, de um parente anão dos atuais elefantes chamado stegodon e ferramentas de pedra que parecem ter sido produzidas pelos "hobbits".
A questão é que uma das beiradas desse pedestal parece ter sido quebrada pela erosão (provavelmente durante inundações) e depois recoberta com sedimentos bem mais recentes. Ao datar essa cobertura secundária, que estava por cima de alguns dos ossos e artefatos dos H. floresiensis, a equipe teria concluído -erradamente- que a extinção da criatura foi muito recente.
Ao usar uma série de métodos para datar fósseis e artefatos distantes dessa beirada, obtidos em sedimentos não perturbados, Sutikna e seus colegas chegaram à estimativa mais antiga para o fim da presença da criatura na ilha.
O trabalho recém-publicado, porém, provavelmente está longe de ser a última controvérsia em torno do misterioso hominídeo nanico. A principal hipótese para explicar seu tamanho é a do nanismo de ilhas, segundo a qual o isolamento em Flores levou a seleção natural a favorecer indivíduos menores, que consumiam menos recursos -é o que também teria acontecido com o "elefantinho" stegodon.
O cérebro do hobbit era do tamanho do de um chimpanzé moderno, o que sugeriria que seus ancestrais eram hominídeos relativamente primitivos, talvez próximos dos australopitecos. Mas ainda há uma minoria de pesquisadores que atribuem as características dele a algum tipo de problema de saúde, como a microcefalia.
Marcos Pontes foi o primeiro brasileiro a ir para o espaço
Dez anos após entrar para a história a bordo da Soyuz TMA-8 e se tornar o primeiro astronauta brasileiro a vencer a atmosfera terrestre rumo à Estação Espacial Internacional (ISS), o coronel da reserva Marcos Pontes se sente dividido entre as melhores lembranças da experiência e as decepções com o programa espacial brasileiro. "Estamos muito aquém do que era o mínimo esperado para um país da categoria e intenções de desenvolvimento que é o Brasil", afirma o paulista de Bauru que passou 10 dias no espaço em entrevista ao Portal EBC.
Formado em engenharia aeronáutica e com experiência como piloto de testes da FAB (Força Aérea Brasileira), Marcos Pontes ingressou em 1998 na Nasa, a agência espacial norte-americana. Mas o governo brasileiro da época não arcou com os compromissos firmados e a parceria foi encerrada.
Além de realizar a manutenção na ISS, Pontes foi responsável à época por aplicar projetos comerciais, científicos e experimentos educacionais. No dia 8 de abril de 2006, o astronauta brasileiro voltou ao planeta Terra dentro da cápsula de reentrada da Soyuz TMA-7, um dos momentos mais críticos de toda a viagem espacial.
Depois de 10 anos da chegada do Brasil ao espaço, Marcos Pontes relembra dos "demônios do negativismo" e conta os efeitos do espaço que ainda percebe em seu corpo: sangramento dos ouvidos, alergias e alterações de peso. Confira abaixo a entrevista do astronauta brasileiro.
Em 1997, o Brasil havia feito um acordo com o Programa da Estação Espacial Internacional (ISS) por meio da Nasa e deveria produzir seis partes da estação e fornecer um astronauta para a equipe de manutenção e operação da estação.
Marcos Pontes, militar da Força Aérea Brasileira (FAB), participou de concurso público específico e foi selecionado. Nesse momento, viu-se obrigado a largar sua carreira militar já que o programa não permitia qualquer tipo de envolvimento militar ou bélico.
Em seu site, Marcos Pontes descreve o exato momento que precisou optar pelo caminho civil: "aquilo me deu um frio na barriga, era como abandonar um porto seguro, pois minha carreira militar estava indo muito bem, e embarcar em um projeto que eu não tinha certeza que iria ter sucesso. Havia muitas variáveis a serem definidas ainda."
Decidido, foi para a Johnson Space Center, em Houston (Texas), para participar de um curso de dois anos para obter o "brevê de astronauta". Achando que iria viajar em 2001, o astronauta relata diferentes problemas políticos que fizeram com que o país não cumprisse o acordo com a Nasa.
Posteriormente, a Agência Espacial Brasileira (AEB) fez um acordo com a Rússia, também parceira majoritários da ISS, para que ele fosse escalado para o voo em 2006.
"De repente, de acordo com a AEB, eu teria apenas 5 meses (o tempo normal para treinar um cosmonauta é de 2 anos) para aprender tudo sobre os sistemas russos para incluí-los nas minhas tarefas técnicas a bordo e, de quebra, aprender a língua russa, em paralelo, nos primeiros três meses em Star City, Moscou, no Centro de Treinamento de Cosmonautas, para onde eu estava sendo transferido."
Entre suas missões no espaço, Marcos Pontes levou ao espaço quatro pesquisas tecnológicas com finalidade comercial, quatro pesquisas científicas e dois experimentos educacionais.
O fato de realizar experimentos com alunos do ensino fundamental virou alvo de crítica da imprensa brasileira, ao que rebateu veemente Pontes:
"No Brasil, a imprensa e alguns "cientistas" - as aspas são para ressaltar o meu espanto com a falta de visão científica e estratégica desses críticos - se limitaram apenas a criticar o custo da missão e citar, muitas vezes de forma irônica, os experimentos das crianças de São José dos Campos."
A pesquisa com os estudantes envolvia a germinação de sementes de feijão e a cromotografia da clorofila (medição da graduação da clorofila). As demais pesquisas envolveram testes sobre os efeitos da microgravidade na cinética das enzimas, danos e reparos do DNA na microgravidade, evaporadores capilares, minitubos de calor e nuvens de interação protérica,
A sua ida ao espaço é resultado de uma longa trajetória dentro da Força Aérea Brasileira. Já tentaram desacreditá-lo do sonho de se tornar astronauta? Se sim, o que fez o senhor continuar?
Pontes: Certamente. Foram muitos anos de trabalho, estudo e muita persistência para vencer os "demônios do negativismo" dentro da própria mente e a sua torcida externa. O que me fez e me faz continuar é perceber que a satisfação de vencer esses demônios é muito maior que o medo de enfrentá-los.
A partir dos resultados de pesquisas e dos próprios relatos dos próprios astronautas, a ida do ser humano ao espaço gera uma série de efeitos indesejáveis ao corpo, a maioria deles determinada pela falta de gravidade e da maior radiação sobre o corpo dos astronautas, já que não há atmosfera para agir como "filtro solar".
Recentemente, o norte-americano Scott Kelly retornou de uma missão de um ano a bordo da ISS, o maior período em que um astronauta ficou exposto aos efeitos da microgravidade. Scott chegou a "esticar" cinco centímetros de tamanho por causa da falta de pressão em sua coluna vertebral.
A viagem de Marcos Pontes foi bem menor. Ele ficou dois dias a bordo da Soyuz e oito dias dentro da ISS. Mesmo exposto por menos tempo, teve que enfrentar muitos dos efeitos indesejados ao corpo por causa da falta de gravidade e contatos com a radiação.
A osteoporose, perda de células ósseas, é um dos efeitos mapeados. Já a fraqueza muscular é consequência da atrofia dos músculos que são menos usados em ambiente com microgravidade. No espaço, a desorientação espacial é acompanhada de dores na cabeça, coriza, alteração na pressão intraocular e desidratação.
Mas o que chama a atenção do público é o envelhecimento precoce devido a maior radiação sobre as células, deteriorando-as e dificultando sua recomposição.
"O envelhecimento precoce é um dos efeitos na saúde. Durante o tempo no espaço não tive grandes problemas. O real problema é depois do voo: alterações no sistema hormonal, radiação, envelhecimento, perda de densidade óssea, alterações no sistema imunológico."
Há alguma sequela que o senhor sentiu ou sente desde a sua volta à Terra?
Pontes: Isso se traduz em alguns inconvenientes como sangramento dos ouvidos, alergias, alterações de peso, além de ter acompanhamento médico constante para manter a boa saúde.
Depois de cumprir sua missão no espaço, Marcos Pontes, o cosmonauta Valery Tokarev e o turista espacial norte-americano Gregory Olsen precisaram se preparar para um dos momentos mais tensos da viagem, a volta.
O procedimento de volta do espaço ocorreu com a espaçonave Soyuz TMA-7 se desacoplando da Estação Espacial Internacional.
A aeronave é dividida em três partes. Uma dessas partes é uma cápsula contendo os três tripulantes, que queima ao reentrar na atmosfera. Contudo, ela é feita de material que resiste até 2500 graus. Mas não é só o calor que incomodou Marcos Pontes e seu colegas. A carga de pressão na cápsula chega a ser 11 vezes maior do que o próprio peso na Terra. Ou seja, eles foram pressionados contra os assentos.
No roteiro da reentrada, paraquedas se abrem para diminuir a velocidade. Por fim, foguetes de pouso são acionados levantando a poeira do deserto do Cazaquistão. Mesmo assim, a cápsula atinge o chão a 50 km/h.
A sua volta dentro da Soyuz TMA-8 apresenta-se como um dos momentos marcantes da sua volta. Qual é a sensação de estar dentro da cápsula "furando" a atmosfera do Planeta?
Pontes: A reentrada é o momento mais crítico do voo, sem qualquer dúvida. A sensação é de impotência, ja que não há praticamente nada que possamos fazer para resolver um eventual problema estrutural.
No futuro breve, conseguiremos algum tipo de mecanismo de propulsão como aparecem nos filmes como Star Wars e outros?
Pontes: No futuro breve, teremos novos sistemas de propulsão, mas chegar à sofisticação do Star Treck ou Star Wars ainda vai demorar um tanto.
O Programa Espacial Brasileiro é coordenado pela AEB. Mesmo tendo uma base de lançamento localizada em local propício (perto da linha do Equador), o Brasil precisou fechar uma parceria com a China para lançar satélites sino-brasileiros em território oriental.
O programa é alvo de críticas e necessita de recursos significativos para o projeto. Para o astronauta Marcos Pontes, há muito o que ser feito para recolocar o Brasil rumo à conquista do espaço.
O senhor tem acompanhado o Programa Espacial Brasileiro? Como o senhor o avalia?
Pontes: Sim. Estamos muito aquém do que era o mínimo esperado para um país da categoria e intenções de desenvolvimento que é o Brasil.
Para que o Programa possa engrenar, o que precisa ser feito daqui em diante?
No curto prazo, grande mudança estrutural do programa, incluindo gestão; parceria racional com países líderes do mercado internacional e Intercâmbio de pesquisadores.
No médio prazo, inclusão de diretoria de formação e educação; melhoria grande da divulgação do programa (Publico e autoridades); criação de cursos de formação técnica e otimização de portfólio de projetos.
No longo prazo, a mudança das leis de participação de setor privado em universidades públicas e centros de pesquisa; mudança de leis de licitação de produtos de alta tecnologia; reposição de Recursos Humanos do programa; otimização e ampliação das instalações técnicas; criação de laboratórios compartilhados com universidades e empresas; Centro de Lançamento de Alcântara via parceria comercial internacional.
Em maio de 2006, Marcos Pontes foi transferido para a reserva militar por motivos de regulamento e por ser mais útil ao campo civil, conforme explica em sua biografia. Contudo, o astronauta reclama que parte da imprensa brasileira disse que ele teria se aposentando logo depois da missão para ganhar dinheiro com palestras.
"A repercussão negativa das calúnias foi tão grande que até hoje existem alguns idiotas que acreditam e repetem essa bobagem! Do meu ponto de vista, a repercussão daquelas calúnias teve lados bons e ruins."
Sem apoio dos órgãos públicos, Pontes afirma que contou mais com o auxílio do setor privado e de órgãos internacionais. Em 2010, criou a Fundação Astronauta Marcos Pontes para focar na promoção do setor espacial, da educação, ciência, tecnologia e sustentabilidade.
O astronauta criou uma agência de turismo espacial e tem o executivo paulista Bernardo Hartogs, de 53 anos, como cliente. Ele será o primeiro turista espacial do Brasil a participar do projeto internacional Virgin Galatic. Contudo, Pontes não considera que um possível turista espacial possa ser chamado de segundo astronauta brasileiro.
"Para ser astronauta profissional, é necessário fazer o curso na NASA ou em Star City, com duração de dois anos e ser declarado pela NASA ou Roscosmos como astronauta ou cosmonauta profissional"
Sobre a formação desses novos profissionais, Pontes se mostra bastante preocupado:
O senhor tem trabalhado bastante com educação e sustentabilidade. Nesse sentido, como veem os jovens brasileiros em relação ao interesse pela astronomia?
Pontes: A astronomia é uma ótima ferramenta para atrair jovens para as carreiras de ciência e tecnologia, tão necessárias ao desenvolvimento do país. Uso isso e outras na minha fundação. Contudo, obviamente nosso alcance é pequeno perante as necessidades (números) do país.
Faltam profissionais mais dedicados nessa área?
Pontes: O que me deixa triste e preocupado é ver praticamente a ausente participação do governo em programas desse tipo (STEM - Science, Technology, Engineering and Math) para nossos jovens em grande escala.
Se compararmos com outros países como o próprio Estados Unidos, os brasileiros de hoje seriam menos adaptáveis a uma exploração do espaço ou de Marte?
Pontes: Não. Temos jovens brilhantes no Brasil. Espero poder ajudá-los a realizar essas missões.
A Estação Internacional Espacial possui os Estados Unidos e a Rússia, antigos inimigos de Guerra Fria, como parceiros majoritários. Montado por módulos desses e de outros países parceiros, a ISS não pode ter fins militares. Para Marcos Pontes, que treinou para viajar com os norte-americanos, e teve que se adaptar a uma viagem com os russos, o espaço se coloca como oportunidade para um novo arranjo político e social.
A ISS une duas grandes potências mundiais (EUA e Rússia) que vivem em grande tensão. Essa tensão é sentida também no espaço? Ou a política ganha novos sentidos no espaço?
Pontes: Uma das belezas do programa da ISS é poder mostrar na prática que é possível convivermos em paz, independentemente de partidos políticos, religião, raça etc. Todas essas divisões são criadas por pessoas ou organizações que, de uma forma ou de outra, lucram com os resultados ruins advindos (guerras, desentendimentos etc). O ser humano intrinsecamente foi criado para conviver bem socialmente. Coloque crianças de todos os países diferentes para brincar juntas e verás que, em poucos minutos, não há barreiras de cultura, língua etc. As tensões políticas são criadas sempre com o interesse de alguém. Se esses pessoas realmente dependessem (ou tivessem a noção que realmente dependem) da vida umas das outras, isso não seria assim.
Cerca de 80 milhões de quilômetros separam a órbita terrestre da marciana. Mesmo assim, a Europa e a América do Norte realizam uma nova corrida espacial de colonização do planeta vermelho. A ideia é levar uma tripulação de novos colonizadores com passagem somente de ida. O projeto audacioso ganhou impulso com a descoberta da existência de água líquida salgada e corrente em Marte.
Mas quando falamos em sustentabilidade, será que não era melhor se focar na Terra em vez de outros planetas? Sobre esses pontos, o primeiro astronauta brasileiro considera que os dois projetos estão interligados.
A ida a Marte é o projeto principal da Nasa no momento. O senhor acredita que é esse o foco correto? Ou deveríamos olhar mais para como garantir uma maior sobrevida da Terra no Universo?
Pontes: As duas coisas são diretamente interligadas. Quando desenvolvermos sistemas para chegar e sobreviver em Marte, também teremos desenvolvido soluções para problemas essenciais da Terra: alimentação, água, energia, saúde etc.
Em Marte, o senhor daria alguma dica de como as pessoas precisariam se relacionar politicamente para serem capazes de, literalmente, sobreviverem ao novo?
Pontes: Que o dinheiro seja proibido. Que o amor e a compaixão sejam os critérios. Que o conhecimento seja compartilhado com sabedoria. Que a igualdade seja parceira da meritocracia.