quinta-feira, 10 de setembro de 2015

As 6 cidades fantasma mais famosas do mundo


Ruínas abandonadas são geralmente associadas a cidades antigas, como Pompeia ou Machu Picchu, mas muitas cidades dos séculos XIX e XX também foram deixadas à podridão depois que desastres naturais, guerras ou depressões econômicas obrigaram seus moradores a deixá-las. Essas cidades-fantasmas se tornaram monumentos misteriosos de épocas passadas, e algumas tiveram até uma segunda vida como atrações turísticas e cenários para filmes. Da zona do famoso desastre nuclear de Chernobyl ao paraíso amaldiçoado na selva de Henry Ford, conheça as histórias por trás das cidades e vilas desocupadas mais famosas do mundo.
1. Pripyat, Ucrânia

À 1:23 da manhã, em 26 de abril de 1986, uma fusão nuclear catastrófica ocorreu dentro do reator nuclear número quatro na usina nuclear Soviética de Chernobyl. A explosão que se seguiu lançou chamas e material radioativo nos céus em Pripyat, uma cidade vizinha construída para abrigar os cientistas e trabalhadores da usina. Levou 36 horas para que os 49 mil moradores fossem evacuados e muitos, posteriormente, sofreram vários problemas de saúde como resultado da precipitação radioativa. 
Em seguida, autoridades soviéticas vedaram uma área de 30 km em torno de Chernobyl, abandonando Pripyat. Desde então, a cidade definhou por três décadas como uma memória assustadora do desastre. Seus edifícios se deterioraram e foram reduzidos à sua estrutura, enquanto animais selvagens vagueiam pelo que uma vez foram apartamentos agitados, complexos esportivos e um parque de diversão. Na sede do serviço de correio da cidade centenas de cartas de 1986 ainda esperam para ser enviadas. Embora os níveis de radiação em Pripyat tenham caído muito nos últimos anos, permitindo que exploradores urbanos e ex-moradores fizessem visitas breves à cidade, cientistas acreditam que podem ser necessários vários séculos para que a cidade seja novamente segura para se morar.
2. Oradour-sur-Glane, França

Na tarde de 10 de junho de 1944, a vila de Oradour-sur-Glane foi cenário de um dos piores massacres de cidadãos franceses durante a Segunda Guerra Mundial. No que se acredita ter sido um ato de vingança por causa do apoio da cidade à Resistência Francesa, um destacamento da Waffen-SS perseguiu e matou 642 de seus moradores e queimou grande parte de suas casas. Os homens foram levados para celeiros e metralhados, enquanto mulheres e crianças foram presas em uma igreja e mortos com explosivos e granadas. Somente algumas pessoas conseguiram escapar, fingindo-se de mortas e fugindo, depois, para a floresta. 
Uma nova Orandour-sur-Glane foi construída nas proximidades após o fim da guerra, mas o presidente francês Charles de Gaulle ordenou que as ruínas queimadas da cidade antiga fossem deixadas intocadas como um monumento às vítimas. As fachadas de dezenas de prédios de tijolo e vitrines de lojas carbonizadas continuam lá, assim como cemitérios de carros e bicicletas enferrujados, máquinas de costura espelhadas e trilhos de bondes não utilizados. O local também abriga um museu, que possui uma coleção de relíquias e mementos recuperados nos escombros.
3. Ilha Hashima, Japão

Hoje, a Ilha Hashima é um labirinto vazio de concreto em ruínas, quebra-mares e edifícios abandonados, mas já foi um dos lugares mais densamente povoados do planeta. A pequena ilha no litoral de Nagasaki foi fundada em 1887 como uma colônia de exploração de carvão. Posteriormente, foi comprada pela Mitsubishi, que construiu os primeiros edifícios de múltiplos andares e concreto armado do mundo, para alojar sua população crescente. Hashima continuou sendo um formigueiro de pessoas e atividades nas décadas seguintes, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses obrigaram milhares de prisioneiros de guerra coreanos e chineses a trabalhar em suas minas. Nos anos 50, a rocha de 6 hectares estava transbordando, com 5.200 habitantes. A maioria dos trabalhadores considerava as condições superlotadas inabitáveis, e a cidade foi imediatamente abandonada depois que a mina fechou em 1974. 
Quarenta anos de negligência transformaram Hashima em uma ruína dilapidada de escadas destruídas e apartamentos abandonados. Muitos dos seus arranha-céus ainda estão repletos de televisores antigos e outras relíquias da metade do século XX, e suas outrora fervilhantes piscinas, cabeleireiros e salas de aula estão em frangalhos. A ilha foi oficialmente aberta para turistas em 2009 e serviu de inspiração para o esconderijo do vilão de James Bond em “007 – Operação Skyfall”, de 2012.
4. Varosha, Chipre

No início dos anos 70, as praias imaculadas de Varosha, no Chipre, foram um dos playgrounds mais populares de milionários no Mediterrâneo. A cidade ostentava uma economia de turismo próspera, e celebridades como Elizabeth Taylor e Brigitte Bardot eram conhecidas por deitar em suas areias e tomar sol em seus hotéis cinco estrelas localizados de frente para o mar. Tudo isso mudou em agosto de 1974, quando a Turquia invadiu o Chipre e ocupou a região norte da ilha em resposta ao golpe de estado nacionalista na Grécia. Os 15 mil habitantes de Varosha abandonaram a cidade apavorados, deixando seus bens e suas vidas para trás. A maioria acreditou que voltaria para casa assim que o conflito terminasse, mas disputas políticas contínuas fizeram com que Varosha definhasse por trás de uma barreira fortemente protegida. 
Os poucos exploradores corajosos que se aventuraram nessa terra de ninguém descrevem o resort como uma cidade fantasma em ruínas. Árvores cresceram pelos chãos dos restaurantes e das casas, e a maior parte dos pertences dos antigos moradores foi saqueada ou destruída. O que ficou foi uma fantasmagórica cápsula do tempo dos anos 70, incluindo calças boca-de-sino nas vitrines das lojas e veículos de 40 anos de idade ainda estacionados nas concessionárias. Recentemente, cipriotas gregos e turcos têm discutido a possibilidade de reabrir o ex-paraíso da alta sociedade, mas especialistas acreditam que seriam necessários, no mínimo, 12 bilhões de dólares para tornar seus decrépitos edifícios habitáveis novamente.
5. Bodie, Califórnia

A cidade de Bodie, na Califórnia, foi fundada oficialmente em 1876, depois que mineiros encontraram ricas jazidas de ouro e prata nas suas encostas. Garimpeiros enlouquecidos pelo ouro correram para o assentamento em uma média de 24 pessoas por dia no final dos anos 1870, e sua população chegou a 10 mil habitantes. Graças a relatos exagerados de tiroteios movidos a uísque, o local ganhou rapidamente a reputação de “terra do pecado”, repleta de homens durões, prostitutas e casas de ópio. 
Como a maioria das cidades que tiveram um boom repentino, Bodie acabou falindo. Em 1880, ela havia crescido para além de sua estrutura precária, e uma sucessão de invernos rigorosos e mortais convenceu muitos de seus garimpeiros a se deslocarem para locais mais rentáveis. A população foi minguando até 1940, quando os últimos habitantes finalmente foram embora. Desde então, Bodie se tornou conhecida como uma das cidades-fantasmas mais bem conservadas dos EUA. Os seus 200 edifícios em ruínas foram colocados em estado de “deterioração controlada” por guardas florestais, e turistas se dirigem ao local para explorar suas igrejas metodistas, bares e correios da década de 1880, além das ruínas de um cofre de banco queimado.
6. Fordlândia, Brasil

Em 1927, Henry Ford começou a construir a “Fordlândia”, uma enorme plantação de borracha na selva, ao longo do rio Tapajós. O magnata da indústria automobilística precisava de uma cidade como fonte permanente de borracha para os pneus e mangueiras dos seus carros, mas ele também viu a aventura como uma oportunidade de levar valores americanos à Amazônia. Tendo já deixado sua marca em cidades como Dearborn, em Michigan, ele projetou uma cidade empresarial completa, com piscinas e um campo de golfe, bangalôs em estilo suburbano americano e uma praça de sessões semanais de dança. Infelizmente, para Ford, seu experimento foi amaldiçoado quase desde o início: as árvores de borracha da Fordlândia foram infectadas por fungos e seus operários não se conformavam com as normas estritas da cidade, que incluíam a proibição do álcool. Confrontos entre trabalhadores brasileiros e administradores americanos logo se tornaram uma ocorrência comum. Em um motim causado pelas regras da cantina, os trabalhadores da Fordlância destruíram grande parte do refeitório com machados e jogaram os caminhões da cidade dentro do rio. 
Henry Ford investiu 20 milhões de dólares no seu pretenso paraíso dos trabalhadores, mas a cidade fracassou em produzir látex para os seus automóveis. Sem nunca ter visitado o local pessoalmente, Ford acabou vendendo-o para o governo brasileiro em 1945 por uma pequena quantia. A natureza selvagem tomou conta de grande parte do território da Fordlândia desde então, mas muitos dos seus edifícios ainda estão de pé, e a cidade se tornou um pequeno destino turístico para mochileiros e curiosos. 
Você sabia? 
Em 1962, um grande incêndio irrompeu em uma mina de carvão subterrânea, próximo à cidade de Centralia, na Pensilvânia. Quando as autoridades se mostraram incapazes de apagar o incêndio, quase todos os 1.100 residentes da cidade abandonaram suas casas. Centralia continua praticamente inabitada até hoje, e especialistas acreditam que o incêndio de carvão pode continuar por mais 250 anos.