terça-feira, 9 de setembro de 2014

Papiro citando a Santa Ceia pode ser o mais antigo amuleto do cristianismo

  • Fragmento indica que cristãos adotaram costume egípcio de usar amuletos contra perigos
    Fragmento indica que cristãos adotaram costume egípcio de usar amuletos contra perigos
Um fragmento de papiro com referência à Santa Ceia pode ser o mais antigo amuleto do Cristianismo. O pedaço de papel foi descoberto por uma pesquisadora entre milhares de papiros mantidos na biblioteca da Universidade de Manchester, no Reino Unido.
A responsável pelo achado, Roberta Mazza, diz que ele provavelmente foi usado dobrado em um pingente como amuleto de proteção. "Foi uma descoberta importante e inesperada. Trata-se de um dos primeiros registros de uso de magia no contexto do cristianismo e o primeiro amuleto com referência à Santa Ceia", diz Mazza.
O fragmento é provavelmente originário de uma cidade do Egito. Seu texto traz uma mistura de trechos dos Salmos e do evangelho de Matheus. "Na época, cristãos começaram a utilizar passagens da Bíblia como amuleto de proteção", diz Mazza. "Por isso, este achado marca o início de uma importante tendência", completa.
Análises de carbono indicam que o papiro data de período entre os anos de 574 e 660. O criador provavelmente transcreveu trechos da Bíblia de que lembrava de cabeça, ao invés de copiá-los. Segundo a pesquisa, há erros de ortografia e palavras que não estão na ordem correta, como estão na Bíblia.  
A íntegra do texto diz:
"Temei o que governará sobre a terra.
Saibam nações e povos que Cristo é o nosso Deus.
Pois ele falou e tudo veio a ser, ele mandou, e tudo foi criado; ele colocou tudo sob os nossos pés e nos libertou da cobiça de nossos inimigos.
Nosso Deus preparou uma Ceia Sagrada no deserto para o povo e deu o maná da Nova Aliança para comermos, o corpo imortal do Senhor e o sangue de Cristo derramado por nós para a remissão dos pecados".
A passagem foi originalmente escrita na parte de trás de um recibo usado para pagamento ou cobrança de imposto. Um texto quase ilegível faz referência à coleta de tributos da vila de Tertembuthis, localizada no interior de Hermópolis, cidade da antiguidade onde hoje está localizada El Ashmunein, no Egito.
"Provavelmente, a pessoa que utilizou as costas do papiro para escrever o texto do amuleto era dessa mesma região", diz Mazza.
A descoberta será apresentada por Roberta Mazza em conferência internacional. Em seu estudo, ela mostra que cristãos adotaram a prática egípcia de usar amuletos para proteger seu portador e afastar perigos. Segundo a pesquisadora, a prática pode ser verificada ainda hoje, no uso de escapulários e orações em santinhos.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik.it.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mangueira curta resolve mistério de Stonehenge

  • A grama ressecada expôs trincheiras do monumento há muito escondidas, indicando seu formato e tamanho originais
    A grama ressecada expôs trincheiras do monumento há muito escondidas, indicando seu formato e tamanho originais
Uma mangueira curta demais levou arqueólogos a esclarecer um dos mistérios de Stonehenge, na Inglaterra: o antigo monumento realmente era circular.

Especialistas reexaminaram o sítio arqueológico após serem contatados pelo administrador do local, que percebeu que a grama estava ressecada ao longo de trincheiras indicando o formato original do monumento.

O responsável pela manutenção de Stonehenge, Tim Daw, contou que estava de pé na trilha que circunda as rochas, olhando para a grama próxima às pedras e pensando que deveria comprar uma mangueira mais longa.

Foi então que percebeu que a grama estava mais ressecada nos locais em que arqueólogos tinham buscado, sem sucesso, pelas pedras que faltam.

"Chamei um colega e ele também percebeu que isso poderia ter uma importância. Como não somos arqueólogos, chamamos os profissionais", disse Daw a repórteres.

A equipe tirou fotos aéreas e ficou constatado que Stonehenge era, de fato, um círculo completo.
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Relembre: pessoas celebram o solstício de inverno em Stonehenge16 fotos

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22.dez.2011 Multidão assiste ao nascer do sol em Stonehenge, na Inglaterra, que marca o início do solstício de inverno. Tim Ireland/PA/AP

Trincheiras de 1901

Há tempos os arqueólogos discutem se Stonehenge, um monumento erguido entre 4.000 e 5.000 anos atrás, no período Neolítico, era um círculo completo ou intencionalmente construído na forma de semi-círculo.

Esta distinção pode influenciar as teorias que explicam a razão de ser da estrutura de pedra, próxima à cidade de Salisbury, no sudoeste da Inglaterra.

Daw explicou que as partes mais ressecadas, que indicavam o formato original do monumento, correspondiam a escavações arqueológicas documentadas, inclusive duas trincheiras escavadas pelo engenheiro William Gowland em 1901.

O fato de marcas aparecerem nos locais em que as trincheiras existiam reforça a teoria de que eles indicam áreas de terra removida.

As conclusões foram publicadas na revista especializada "Antiquity". O estudo destaca que, embora Stonehenge seja um dos monumentos mais analisados do planeta, ainda guarda surpresas.

Os cientistas também dizem que a descoberta ressalta a importância de um monitoramento contínuo do patrimônio arqueológico por terra e ar.

A organização britânica de patrimônio English Heritage disse que a descoberta é "muito significativa".

"Muita gente acha que nós escavamos o sítio inteiro e que já sabemos tudo que se pode saber sobre Stonehenge. Mas na verdade ainda tem muita coisa que não sabemos", Susan Greaney, historiadora da organização.