quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Robô da Nasa identifica 'arrotos' de metano em Marte

Cientistas ainda são cautelosos quanto à existência de vida em Marte, mas reconhecem indícios identificados pelo Curiosity.© Foto: NASA Cientistas ainda são cautelosos quanto à existência de vida em Marte, mas reconhecem indícios identificados pelo Curiosity.
Jonathan Amos
Correspondente de Ciência da BBC News
Cientistas ainda são cautelosos quanto à existência de vida em Marte, mas reconhecem indícios identificados pelo Curiosity
O robô Curiosity – criado pela Nasa para explorar a superfície de Marte – identificou metano no planeta 'vizinho' à Terra, o que poderia ser um sinal de vida por lá no passado ou mesmo no presente.
O robô detectou a presença constante de níveis bastante baixos do gás, mas também registrou "picos" de concentração bem mais elevada.
O fato de existir metano em Marte é intrigante porque, na Terra, 95% desse gás vem de organismos microbiais, como bactérias.
Pesquisadores também levantaram a hipótese de que a presença dessas moléculas em Marte possa ser um sinal de existência de vida no planeta.
A equipe do Curiosity não conseguiu identificar de onde vinha exatamente o metano encontrado, mas a maior probabilidade é de que tenha vindo dos estoques subterrâneos que são periodicamente vasculhados pelo robô.
O cientista do projeto Sushil Atreya disse que era possível que os chamados hidratos de metano estivessem envolvidos.
"Essas coisas são como gaiolas moleculares de água-gelo, onde o gás metano está aprisionado. De vez em quando, essas moléculas poderiam ser desestabilizadas, talvez por alguma tensão mecânica ou térmica, e o gás metano seria liberado para encontrar o seu caminho através de fendas ou fissuras na rocha para entrar na atmosfera ", explicou o professor da Universidade de Michigan à BBC News.
A questão que ainda permanece no ar é como o metano teria chegado às reservas de hidrato.
Pode ter vindo de microorganismos; pode também ter vindo de um processo natural, como reações químicas decorrentes da interação de água com alguns tipos de formações rochosas. Até o momento, tudo é especulação. Mas pelo menos o Curiosity já identificou o gás.
Amostras
O fato de o robô ter demorado para detectar o gás - que já vinha sendo observado por satélites em órbita em Marte e por telescópios na Terra - causou um certo estranhamento.
O Curiosity se encontra em uma cratera na superfície de Marte chamada Cratera Gale.
Robô identificou presença de metano na superfície do planeta vermelho
Ele tem sugado o ar de Marte para investigar seus componentes desde que aterrissou no planeta, em agosto de 2012.
Para gases que têm concentrações muito baixas na atmosfera, o robô utiliza uma técnica especial que expele a molécula mais abundante – dióxido de carbono – antes de analisar a amostra.
Isso tem o efeito de enriquecer e ampliar qualquer resíduo químico.
E ao fazer isso com o metano, o Curiosity descobriu que há uma presença constante de algo perto de 0,7 partes de bilhão por volume (ppbv).
"O pano de fundo sugere que há cerca de 5.000 toneladas de metano na atmosfera", disse o Dr. Chris Webster, do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, que liderou a investigação.
"Você pode comparar isso com a Terra, onde há cerca de 500 milhões de toneladas. A concentração aqui na Terra é de cerca de 1.800 ppbv."
Vida
Os picos de metano detectados pelo Curiosity ocorreram em quatro ocasiões durante no curso de um período de dois meses.
Eles variaram entre cerca de 7 e 9 partes de bilhão por volume.
É provável, segundo a equipe, que o gás esteja sendo liberado em um lugar relativamente perto do robô, seja no interior da cratera ou do lado de fora.
A estação climática do Curiosity sugere que o gás está vindo do norte, na direção da borda da cratera.
Uma forma de investigar se o metano de Marte tem origem biológica ou geológica seria estudar os tipos, ou isótopos, de átomos de carbono no gás.
Na Terra, a vida favorece uma versão mais leve do elemento (carbono-12) sobre uma mais pesada (carbono-13). Uma proporção alta de C-12 em relação a C-13 em rochas antigas da Terra foi interpretada como prova de que existia atividade biológica no nosso mundo quatro bilhões de anos atrás.
Se os cientistas descobrirem provas similares em Marte, seria surpreendente. Mas, infelizmente, os volumes de metano detectados pelo Curiosity são simplesmente pequenos demais para fazer esse tipo de experimento.
"Se tivéssemos enriquecido nossa amostra durante um dos picos, poderíamos ter tido uma chance de examinar esses isótopos", explicou o Dr. Paul Mahaffy, investigador-chefe de Análise de Superfície do Curiosity em Marte (SAM).
"Eu acho que ainda há alguma esperança. Se o metano voltar, e podermos enriquecê-lo, vamos certamente estar tentando."
Longa busca
Outra grande descoberta do Curiosity é que o robôr também confirmou a existência de compostos orgânicos (ricos em carbono) em amostras de rochas.
É a primeira vez que são identificados elementos orgânicos em materiais da superfície do Planeta Vermelho.
O robô encontrou evidências de clorobenzeno em um pedaço de rocha pulverizada extraído de um lamito (tipo de rocha sedimentar) apelidado de Cumberland.
Clorobenzeno é um anel de carbono com cinco átomos de hidrogênio e um átomo de cloro ligados.A equipe não consegue ter certeza se o elemento químico estava especificamente presente no Cumberland ou se foi produzido durante o aquecimento na análise. Mas mesmo que seja o último caso, os cientistas parecem confiantes de que a molécula seria, no mínimo, derivada de estruturas de carbono maiores que as que estavam no local.
Mais uma vez, os cientistas estão interessados em confirmar a existência de tais produtos orgânicos porque a vida como a conhecemos só pode existir onde há capacidade de troca de moléculas de carbono.
Se elas não estão presentes, então não poderá haver biologia. No entanto, assim como com a identificação do metano, isso por si só não é um indício automático de vida em Marte, agora ou no passado, porque há uma abundância de processos abióticos que irá produzir estruturas de carbono complexas também.
"É um grande dia para nós - é uma espécie de coroamento de 10 anos de trabalho duro -, em que relatamos que há metano na atmosfera e também existem moléculas orgânicas em abundância sob a subsuperfície", comentou o cientista do projeto Curiosity John Grotzinger.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"Evangelho" perdido diz que Jesus se casou e teve 2 filhos

Manuscrito de mil anos conta que Maria Madalena teria sido a mulher do Messias

Jesus não morreu solteiro. Pelo menos é o que afirma um novo “Evangelho” escrito há mil anos em aramaico e traduzido recentemente por dois estudiosos, Barrie Wilsion e Simcha Jacobovici, que conta que o Messias teria se casado com Maria Madalena e tido dois filhos. As informações são do The Mirror UK. 
Os detalhes do novo livro, descoberto na Biblioteca Britânica, serão revelados em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira. Mas, segundo os especialistas, o manuscrito afirma que Jesus se casou com Maria Madalena, que aparece em todos os outros Evangelhos da Bíblia, especialmente em momentos importantes da vida de Cristo, como em sua ressurreição.
Ela teria tido dois filhos com ele. E, ao que tudo indica, o novo “Evangelho” cita o nome dos supostos descendentes.

Em alguns livros, como em Lucas, Maria Madalena é descrita como “pecadora”, sendo associada à prostituição. 

sábado, 8 de novembro de 2014

Asteróide em colisão com a Terra

São Paulo - Por meio de imagens do espaço feitas pela rede de telescópios robóticos Máster, astrônomos russos identificaram um asteroide que pode colidir com a Terra no futuro. O astro foi nomeado 2014 UR116.
Os pesquisadores não souberam dizer quando o asteroide vai passar perto da Terra. Entretanto, eles garantiram que isso não acontecerá nos próximos dois anos. Além disso, mudanças de rota podem fazer com que o astro não se choque contra o nosso planeta.
De acordo com os especialistas, o asteroide tem 370 metros de diâmetro. Ele é 20 vezes maior que o Chelyabinsk, meteorito que atingiu a Sibéria em fevereiro de 2013. A NASA classificou o 2014 UR116 como asteroide potencialmente perigoso.
Nessa categoria, a agência espacial americana enquadra todos os asteroides com mais de 150 metros de diâmetro que possam passar a menos de 20 mil quilômetros da Terra. Segundo a NASA, esses asteroides poderiam causar devastação regional sem precedentes ou grandes tsunamis caso colidissem com o planeta.
No começo de 2013, cerca de 1.400 asteroides estavam classsificados pela NASA como PHA. Entretanto, para a agência espacial americana, nenhum deles representava uma ameaça preocupante para a Terra nos próximos 100 anos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Cientistas australianos planejam uso de laser para limpar lixo espacial

Cientistas australianos planejam uso de laser para limpar lixo espacial
5/11/2014 11:28
Por Redação, com BBC - de Sidney
Cientistas temem que que lixo espacial atinja satélites, criando reação em cadeia que pode afetar redes de telecomunicação
Neste exato momento, centenas de milhares de detritos estão orbitanto em alta velocidade ao redor da Terra, correndo o risco de colidir com satélites e causar incidentes que podem afetar de maneira crítica redes de telecomunicação que usamos em nosso cotidiano.
Agora, uma empresa australiana está tentanto desenvolver uma técnica que utiliza raios laser para monitorar este lixo espacial potencialmente perigoso que orbita a 38 mil quilômetros acima de nossas cabeças.
Mas, além disso, eles pretendem utilizar raios laser para tentar desviar e destruir esses detritos, em uma estratégia digna de filmes de ficção científica.
A tecnologia para se conseguir chegar a esse ponto, no entanto, ainda está em seus primeiros passos e deve levar algumas décadas até que possa ser colocada em prática.
Lixo espacial
Segundo o diretor-executivo da Electro Optic Systems (EOS), Ben Greene, uma das grandes preocupações das agências espaciais é que um destes detritos de lixo espacial, como um simples parafuso, possa atingir um satélite, lançando destroços que atingiriam outros satélites, em uma reação em cadeia.
Cada um desses satélites custa entre US$ 2,5 milhões e US$ 2,5 bilhões e pode levar até um ano para ser lançado, o que faz com que os prejuízos causados por danos nestes aparelhos sejam enormes.
Além disso, de acordo com Greene, existem cerca de 20 mil objetos em órbita com tamanho maior que bolas de futebol, além de centenas de milhares que têm aproximadamente o tamanho de uma noz.
É apenas questão de tempo, 20 anos de acordo com estimativas, até que esses objetos se acumulem e formem grandes pilhas de lixo espacial ao redor da Terra, o que torna medidas contra esses destroços urgentes.
- Uma vez que isto comece a acontecer, é quase impossível parar. É 100% certo de que isso vai acontecer, a única coisa que não temos certeza é quando isso vai ocorrer – diz Greene.
- Estamos falando de cerca de US$ 870 bilhões (em prejuízos) que podem ser perdidos em poucas semanas – diz.
Plano agressivo
Descrição: Existem cerca de 20 mil objetos em órbita com tamanho maior que bolas de futebol, além de centenas de milhares do tamanho de uma noz
Existem cerca de 20 mil objetos em órbita com tamanho maior que bolas de futebol, além de centenas de milhares do tamanho de uma noz
A EOS pretende começar a utilizar raios laser lançados a partir da Terra para monitorar esses objetos, mas esta estratégia tem o objetivo de apenas “ganhar tempo”, disse Greene.
O estágio mais “Guerra nas Estrelas” do programa deve começar em seguida, assim que os especialistas consiguerem desenvolver raios laser capazes de desviar estes objetos para a atmosfera, onde eles se desintegrariam de maneira segura.
Mas, antes disso, os pesquisadores têm o desafio de conseguir colocar em prática os experimentos desenvolvidos em seus laboratórios.
- Mesmo uma pequena quantidade de luz exerce pressão sobre a superfície sobre a qual incide – diz Greene. “Objetos de entre 5 e 10 centímetros são propícios de serem movimentados utilizando luz, e eles representam 90% da ameaça aos satélites”.
A EOS fechou um contrato com a companhia aeoroespacial norte-americana Lockheed Martin para a construção de uma estação de monitoramento de detritos no oeste da Austrália, mas devem se passar alguns anos até que a empresa consiga mover objetos em larga escala por meio de raios laser.
De acordo com Greene, a companhia deve começar a ser capaz de mover objetos com laser em 10 ou 20 anos, mas outro grande desafio será a industrialização desta tecnologia, com a construção de estações capazes de utilizar a técnica em várias partes do mundo.
Greene classifica seus planos como “os mais agressivos do mundo” para lidar com o problema do lixo espacial.

- Quando estivermos operando de maneira total, poderemos salvar de quatro a cinco satélites por ano – diz.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Uma mancha solar gigante

A chuva pode estar rara no Sudeste brasileiro, mas o clima espacial anda prodigioso em tempestades solares, com o aparecimento da maior mancha solar já vista nos últimos 24 anos. Ela é do tamanho do planeta Júpiter!
Mancha solar com 125 mil km de diâmetro, fotografada pelo satélite Solar Dynamics Observatory, da Nasa.
Mancha solar com 125 mil km de diâmetro, fotografada pelo satélite Solar Dynamics Observatory, da Nasa.
É bem verdade que estamos na época de pico de atividade do Sol em seu ciclo de 11 anos — o chamado máximo solar. Mas ainda assim a mancha impressiona. Entre os dias 18 e 27 de outubro, ela produziu nada menos que sete erupções solares da classe X — as mais poderosas –, além de outras menores. Viu-se atividade similar em outra mancha de mesmo porte, um pouco menor, em 2003.
As manchas são produzidas por verdadeiros frenesis magnéticos que ocorrem na superfície do Sol, levando à ejeção de grandes quantidades de matéria solar na direção para onde apontam. Conforme o Sol gira, ele pode muito bem disparar essas rajadas de partículas na nossa direção. O que não é bom.
Embora não sejam ameaça direta à vida, essas tempestades solares podem danificar satélites e até mesmo prejudicar o funcionamento de nossas redes elétricas. Dependendo do tamanho, elas poderiam muito bem causar um blecaute global.

É isso aí, o negócio é perigoso. Uma tempestade solar capaz de causar exatamente isso atingiu a Terra em 1o de setembro de 1859 e foi registrada pelo astrônomo Richard Carrington. Na época já foi um negócio assustador. Auroras boreais chegaram a ser vistas em Cuba e no Havaí, regiões próximas ao equador. Operadores de telégrafo levaram choques, e alguns sistemas continuaram a funcionar mesmo depois de desconectados de suas fontes de energia.
Se acontecesse hoje, um novo evento Carrington seria ainda mais dramático, pois somos muito mais dependentes de sistemas elétricos do que éramos em 1859. Uma estimativa recente prevê um prejuízo de mais de US$ 1 trilhão, só nos Estados Unidos.
E pode acontecer. Uma tempestade similar à do evento Carrington foi vista deixando o Sol em 2012. Felizmente, “errou” a Terra. Mas estima-se que a probabilidade de vermos o fenômeno se repetir até 2022 e efetivamente nos atingir é de 12% — nada negligenciável.

Uma coisa curiosa, contudo, é que a mancha associada à tempestade de 1859 era de porte médio, bem menor que a atual. O que mostra que não é preciso uma supermancha para ter uma supertempestade.
De toda forma, não custa permanecermos ligados no que rola no Sol até a atual mancha se dissipar. Vai que, né?

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A jornada para construir um elevador até o espaço

Um plano futurista (que surgiu há mais de 100 anos)
A ideia é futurista, mas também é bastante antiga: em 1895, o cientista russo Konstantin Tsiolkovsky elaborou uma proposta inicial para um elevador até o espaço, e este conceito básico ainda é usado em projetos atuais.
Ao longo dos anos, o entusiasmo com este projeto na comunidade de exploração espacial vem flutuando – às vezes aumenta, às vezes cai. Mas agora, alguns projetos de destaque estão trazendo o elevador espacial de volta ao foco. Eles vêm chamando a atenção de documentaristas e de sonhadores, tornando-se o tema de filmes como Shoot the Moon e Skyline.
O conceito básico, em 1895 e ainda hoje, requer um cabo ancorado se esticando até o espaço, capaz de transportar pessoas e coisas para fora do mundo. Tsiolkovsky imaginou este cabo ancorado à Terra. Os detalhes de seu projeto são totalmente inviáveis: ele queria que o peso fosse suportado na parte de baixo, enquanto planejadores modernos acreditam que ele teria de ser suportado por cima. No entanto, esta ideia de “um cabo saindo da Terra e chegando ao espaço” ainda é o conceito padrão para elevadores espaciais.
O plano mais aceito hoje envolve um ponto de ancoragem na linha do equador, com um cabo que se estende em cerca de 100.000 km acima da superfície da Terra, onde ele se ligaria a uma estação de contrapeso e orbitaria com o planeta.
space elevator (3)
Conceito de um elevador espacial via Bruce Irving/Flickr
A ideia de um elevador espacial persistiu por mais de um século, porque seus defensores veem a engenhoca como um passo vital na expansão para além do nosso planeta. Ele poderia ser, no futuro, uma alternativa de baixo custo a foguetes. Alguns teorizam que, como este transporte alternativo iria reduzir drasticamente os custos de levar pessoas e objetos até o espaço, ele poderia democratizar as viagens espaciais.
Hoje, isso está começando a parecer mais crucial do que nunca. Em um cenário pessimista, o elevador para sair da Terra poderia ser uma rota de fuga em potencial: “use em caso de apocalipse global“, uma maneira de começar a colonizar outros planetas e se preparar para desastres. Em um cenário mais favorável, elevadores espaciais poderiam ser um meio para viabilizar a expansão da vida fora da Terra, e para transportar a civilização para lá e para cá.

Quem está tentando

Mas primeiro, teríamos que de fato construir esse elevador. E não são apenas pesquisadores malucos se dedicando ao ambicioso projeto: o laboratório Google X desenvolveu recentementeplanos de construir um elevador espacial; embora eles tenham descartado o projeto, fica claro que o conceito é uma ideia que até o Google considera digno de exploração.
A NASA ajudou a realizar um concurso para incentivar projetos de elevador espacial. Markus Landgraf, analista de missão na Agência Espacial Europeia, fez uma apaixonada TED Talk sobre elevadores espaciais, dizendo que eles fariam o equivalente a transformar uma estrada de terra em uma rodovia. Há uma conferência anual sobre elevadores espaciais dedicada à ideia; e neste ano, uma equipe de especialistas reunidos pela Academia Internacional de Astronautas concluiu que os elevadores espaciais poderiam realmente existir.
De fato, alguns projetos ambiciosos para transportar pessoas ao espaço estão em andamento.
space elevator (1)
Arte por Richard Bizley
A Obayashi, uma gigante construtora japonesa, diz que vai erguer um elevador espacial até 2050, capaz de transportar passageiros a 36.000 km acima da Terra, com um “porto terrestre” de ancoragem no oceano. Ele deve custar cerca de US$ 8 bilhões.
O empreendimento é grandioso, mas a Obayashi é uma corporação enorme com dinheiro e poder. Há também a Associação Japonesa de Elevadores Espaciais trabalhando para avançar projetos como este. Não é algo que possa ser ignorado.
A LiftPort, fundada pelo ex-empreiteiro da NASA Michael Laine, é uma operação muito menor de elevador espacial, mas igualmente ousada e potencialmente valiosa. Ao contrário da Obayashi, a LiftPort não tem um cronograma para construir um elevador espacial. Depois de tentar e não conseguir desenvolver um elevador espacial no início dos anos 2000, eles começaram do zero com uma nova filosofia.
A LiftPort quer colocar um elevador espacial na Lua. Laine espera que este elevador lunar sirva como um protótipo de menor gravidade para um elevador espacial na Terra, e também como um instrumento para a Lua, para obter hélio e fazer turismo no nosso satélite. A baixa gravidade e atmosfera zero vão torná-lo mais fácil de construir, mesmo que ainda seja terrivelmente caro.
space elevator (1)Mas antes, a equipe está se preparando para um experimento que enviará um robô a cerca de 7,5 km de altitude. Se eles conseguirem, esta seria a estrutura mais alta do mundo – e eles começariam os planos para construir um elevador na Lua.
Não vai ser fácil: a equipe da LiftPort recentemente teve que reprojetar seu robô, o que atrasou o projeto. Eles não encontraram um local para testes. Eles estão cientes de que projetos como os deles serão “infernalmente caros”. Laine permanece otimista, no entanto:
Este robô que estamos construindo é uma analogia. Estamos tentando compreender o processo mecânico de subir a distâncias maiores e em condições desafiadoras. Nós não podemos simular um elevador lunar muito bem aqui na Terra. Estamos tentando compreender os problemas. Assim que terminarmos este experimento, este provavelmente será o nosso último na Terra. Nós teremos praticamente aprendido tudo o que podemos aprender no planeta.
Ou seja, o LiftPort está se preparando para construir um elevador espacial se preparando para um experimento, que vai informá-los como construir um elevador lunar, o que poderia informá-los como construir um elevador espacial. Este não é exatamente o método mais direto do mundo, mas Laine acredita que essa meticulosidade vai valer a pena, e a entusiasmada equipe dele concorda.

Qual material?

Os céticos apontam vários problemas na ideia de criar uma vertiginosa torre de Babel high-tech. Embora o conceito possa ser lógico, o maior obstáculo é que não existe nenhum material atualmente disponível que seja comprovadamente forte o suficiente para usar em uma estrutura assim.
Mesmo que esse material seja inventado em breve – e estamos nos aproximando disso – ele também poderia ser vulnerável a vibrações. Revoadas de pássaros (na parte inferior) e detritos espaciais (nas partes mais altas) poderiam colidir com ele. Máquinas para transporte de pessoas e carga poderiam criar muita oscilação. Ah, e obviamente, ele seria terrivelmente caro de se construir, impedindo que ele se realizasse.
O maior problema continua a ser esse material ideal. Muitos defensores do elevador espacial – como o físico Bradley Edwards, que escreveu o livro The Space Elevator na década de 90 – acreditam que nanofibras de carbono são um forte concorrente, por serem extremamente leves e 100 vezes mais forte que o aço.
O problema é que ninguém nunca fez uma versão perfeita de um tubo de fibra com mais de um metro de comprimento. Isso é dolorosamente curto: a NASA estima que um elevador espacial teria 230.000 km. Na verdade, a falta de nanofibras disponíveis é uma das razões pelas quais o Google X interrompeu seus planos de criar um elevador espacial.
space elevator (4)
Pode haver uma outra opção: John Badding, professor de química na Penn State University, acredita que pequenos nanofilamentos de diamante são promissores nessa tarefa. Mas mesmo que estes nanofios sejam ideais, não significa que exista uma empresa para fabricá-lo nas quantidades necessárias para um cabo gigantesco até o espaço.
A menos que esses materiais se tornem comuns o suficiente para serem fabricados em larga escala, ou alguém crie elevadores espaciais com dinheiro próprio, até mesmo os materiais adequados podem ser muito escassos e raros para tirar do papel a ideia de um elevador espacial.

O real motivo para se construir um elevador espacial

Além de todas as dificuldades técnicas de realmente construir um elevador espacial, há a preocupação legítima de que não há pessoas o suficiente para se criar uma máquina dessas – poucos iriam usá-lo, e ele não faria sentido financeiro. Ben Shelaf, engenheiro mecânico e ex-CEO da Spaceward Foundations – que pesquisa elevadores espaciais – desenvolver um elevador lunar está “à procura de uma solução para um problema que não existe”.
Um motivo convincente para justificar este projeto, e para aumentar o interesse das empresas, poderia acelerar a produção industrial dos materiais necessários para se construir um elevador desses. Mas Laine diz que esses projetos malucos valem a pena mesmo que não vinguem.
“A razão mais importante para fazer isso não tem nada a ver com o espaço, e tem tudo a ver com a tecnologia que deriva do processo de construção”, ele me disse. “Desenvolveu-se muita tecnologia incrível ao ir para a Lua. Então aqui estamos nós, uma empresa privada que, para todos os efeitos, é uma fábrica de ideias. Criamos novas ideias, e todas se concentram no conceito de ir à Lua, mas podemos pegar essas ideias e comercializá-las… Dá para ganhar rios de dinheiro e tornar o mundo um lugar melhor”.

“Shoot the Moon”, um documentário sobre a LiftPort, está arrecadando fundos no Kickstarter.
Benjamin Harrison Ahr, diretor do filme Shoot the Moon, não esconde sua admiração pela comunidade de elevadores espaciais. “Este é um grande tipo de ideia descomunal, próxima à ficção científica, e é incrível vê-la inspirar as pessoas. Elas estão dispostas a dedicar uma quantidade enorme de tempo para ajudar no projeto, porque querem que exista um elevador espacial”, ele me disse.
Ele só não me disse se acredita que o projeto possa sair bem-sucedido; seu documentário é mais sobre o processo e a equipe do que sobre a meta em si. Mas há uma razão para isso: há uma chance extremamente grande de a meta não ser alcançada tão cedo.
É fácil se opor à ideia de elevadores espaciais, mas o desejo de construir um deles persiste. Mesmo se o elevador lunar for um fracasso total e a Obayashi atrase seu projeto em 100 anos, elevadores espaciais são uma ideia lógica, e vale prestar atenção nela. Afinal, algumas grandes ideias soam completamente absurdas à primeira vista (como uma lâmpada elétrica, ou como voar). O elevador espacial é uma dessas ideias malucas, mas brilhantes.
“O Elevador Espacial será construído cerca de 50 anos depois que todo mundo parar de rir”, escreveu Arthur C. Clarke. E admiramos quem não está disposto a esperar tanto tempo assim.
Imagem inicial por Jim Cooke

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Papiro citando a Santa Ceia pode ser o mais antigo amuleto do cristianismo

  • Fragmento indica que cristãos adotaram costume egípcio de usar amuletos contra perigos
    Fragmento indica que cristãos adotaram costume egípcio de usar amuletos contra perigos
Um fragmento de papiro com referência à Santa Ceia pode ser o mais antigo amuleto do Cristianismo. O pedaço de papel foi descoberto por uma pesquisadora entre milhares de papiros mantidos na biblioteca da Universidade de Manchester, no Reino Unido.
A responsável pelo achado, Roberta Mazza, diz que ele provavelmente foi usado dobrado em um pingente como amuleto de proteção. "Foi uma descoberta importante e inesperada. Trata-se de um dos primeiros registros de uso de magia no contexto do cristianismo e o primeiro amuleto com referência à Santa Ceia", diz Mazza.
O fragmento é provavelmente originário de uma cidade do Egito. Seu texto traz uma mistura de trechos dos Salmos e do evangelho de Matheus. "Na época, cristãos começaram a utilizar passagens da Bíblia como amuleto de proteção", diz Mazza. "Por isso, este achado marca o início de uma importante tendência", completa.
Análises de carbono indicam que o papiro data de período entre os anos de 574 e 660. O criador provavelmente transcreveu trechos da Bíblia de que lembrava de cabeça, ao invés de copiá-los. Segundo a pesquisa, há erros de ortografia e palavras que não estão na ordem correta, como estão na Bíblia.  
A íntegra do texto diz:
"Temei o que governará sobre a terra.
Saibam nações e povos que Cristo é o nosso Deus.
Pois ele falou e tudo veio a ser, ele mandou, e tudo foi criado; ele colocou tudo sob os nossos pés e nos libertou da cobiça de nossos inimigos.
Nosso Deus preparou uma Ceia Sagrada no deserto para o povo e deu o maná da Nova Aliança para comermos, o corpo imortal do Senhor e o sangue de Cristo derramado por nós para a remissão dos pecados".
A passagem foi originalmente escrita na parte de trás de um recibo usado para pagamento ou cobrança de imposto. Um texto quase ilegível faz referência à coleta de tributos da vila de Tertembuthis, localizada no interior de Hermópolis, cidade da antiguidade onde hoje está localizada El Ashmunein, no Egito.
"Provavelmente, a pessoa que utilizou as costas do papiro para escrever o texto do amuleto era dessa mesma região", diz Mazza.
A descoberta será apresentada por Roberta Mazza em conferência internacional. Em seu estudo, ela mostra que cristãos adotaram a prática egípcia de usar amuletos para proteger seu portador e afastar perigos. Segundo a pesquisadora, a prática pode ser verificada ainda hoje, no uso de escapulários e orações em santinhos.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik.it.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mangueira curta resolve mistério de Stonehenge

  • A grama ressecada expôs trincheiras do monumento há muito escondidas, indicando seu formato e tamanho originais
    A grama ressecada expôs trincheiras do monumento há muito escondidas, indicando seu formato e tamanho originais
Uma mangueira curta demais levou arqueólogos a esclarecer um dos mistérios de Stonehenge, na Inglaterra: o antigo monumento realmente era circular.

Especialistas reexaminaram o sítio arqueológico após serem contatados pelo administrador do local, que percebeu que a grama estava ressecada ao longo de trincheiras indicando o formato original do monumento.

O responsável pela manutenção de Stonehenge, Tim Daw, contou que estava de pé na trilha que circunda as rochas, olhando para a grama próxima às pedras e pensando que deveria comprar uma mangueira mais longa.

Foi então que percebeu que a grama estava mais ressecada nos locais em que arqueólogos tinham buscado, sem sucesso, pelas pedras que faltam.

"Chamei um colega e ele também percebeu que isso poderia ter uma importância. Como não somos arqueólogos, chamamos os profissionais", disse Daw a repórteres.

A equipe tirou fotos aéreas e ficou constatado que Stonehenge era, de fato, um círculo completo.
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Relembre: pessoas celebram o solstício de inverno em Stonehenge16 fotos

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22.dez.2011 Multidão assiste ao nascer do sol em Stonehenge, na Inglaterra, que marca o início do solstício de inverno. Tim Ireland/PA/AP

Trincheiras de 1901

Há tempos os arqueólogos discutem se Stonehenge, um monumento erguido entre 4.000 e 5.000 anos atrás, no período Neolítico, era um círculo completo ou intencionalmente construído na forma de semi-círculo.

Esta distinção pode influenciar as teorias que explicam a razão de ser da estrutura de pedra, próxima à cidade de Salisbury, no sudoeste da Inglaterra.

Daw explicou que as partes mais ressecadas, que indicavam o formato original do monumento, correspondiam a escavações arqueológicas documentadas, inclusive duas trincheiras escavadas pelo engenheiro William Gowland em 1901.

O fato de marcas aparecerem nos locais em que as trincheiras existiam reforça a teoria de que eles indicam áreas de terra removida.

As conclusões foram publicadas na revista especializada "Antiquity". O estudo destaca que, embora Stonehenge seja um dos monumentos mais analisados do planeta, ainda guarda surpresas.

Os cientistas também dizem que a descoberta ressalta a importância de um monitoramento contínuo do patrimônio arqueológico por terra e ar.

A organização britânica de patrimônio English Heritage disse que a descoberta é "muito significativa".

"Muita gente acha que nós escavamos o sítio inteiro e que já sabemos tudo que se pode saber sobre Stonehenge. Mas na verdade ainda tem muita coisa que não sabemos", Susan Greaney, historiadora da organização.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

SOS, tem um plâncton solto no espaço!

POR SALVADOR NOGUEIRA
21/08/14  05:59
É um achado tão inusitado quanto significativo: cosmonautas russos parecem ter encontrado plâncton marinho vivendo em pleno espaço, a mais de 300 km de altitude, sobre a superfície externa da Estação Espacial Internacional (ISS). A descoberta, pasme, foi feita graças a uma faxina.
De alguma forma, criaturas unicelulares conseguiram viver do lado de fora da Estação Espacial Internacional
De alguma forma, criaturas unicelulares conseguiram viver do lado de fora da Estação Espacial Internacional
Oleg Artemyev e Alexander Skvortsov concluíram uma caminhada espacial de rotina no último dia 18, que promoveu, entre outras tarefas, o lançamento de um nanossatélite peruano (o cosmonauta literalmente arremessa o satélite em órbita, como se pode ver abaixo). Uma das atividades menos glamurosas da atividade extra-veicular foi a de limpar por fora as janelas — chamadas também de iluminadores — do lado russo do complexo.
Segundo os russos, esse é um procedimento comum e necessário em voos de longa duração. Mas, de um ano para cá, eles decidiram analisar que sujeira era essa. Algumas amostras (recolhidas em 2013) foram levadas ao solo e estudadas em laboratório. Foi o que revelou a presença de células de plâncton marinho do lado de fora da estação. As novas amostras colhidas agora por Artemyev e Skvortsov devem passar pelo mesmo procedimento em breve.
Não é genial lançar um satélite simplesmente atirando-o com a mão?
Não é genial lançar um satélite simplesmente atirando-o com a mão?
“Os resultados do experimento são absolutamente únicos. Encontramos traços de plâncton marinho e de partículas microscópicas na superfície dos iluminadores. Isso precisa ser mais estudado”, afirmou Vladimir Solovyev, gerente russo da ISS, em nota da agência ITAR-TASS.
Os pesquisadores dizem que a contaminação não deve ter acontecido no lançamento dos módulos, que partiram de Baikonur, no Cazaquistão, onde supostamente não costumam viver plânctons marinhos, e também afirmaram que as criaturas unicelulares conseguiram sobreviver após longos períodos de exposição ao vácuo espacial. De onde elas vieram?
O mais provável é que elas tenham vindo mesmo da superfície do mar logo abaixo — nada de ETs por hoje. Mas estamos falando de uma viagem a mais de 300 km de altitude, onde a atmosfera terrestre é praticamente nula (embora ainda dê alguns sinais de sua existência ao, por exemplo, produzir arrasto sobre a estação espacial, puxando-a lentamente para baixo e exigindo reajustes periódicos de órbita). Desnecessário dizer que, até agora, ninguém imaginava que isso fosse possível.
UMA PITADA DE SAL
A notícia pegou de surpresa a comunidade científica mundial. O astrobiólogo americano David Grinspoon, ao comentar o achado, expressou suas dúvidas. “Estamos céticos, mas queremos ouvir mais a respeito”, disse.
Claro, caso seja mesmo confirmada, essa descoberta é extraordinária. Podemos dela concluir que a Terra é “contagiosa”, ou seja, é tão rica em formas de vida que é capaz de despachar algumas delas até mesmo para o espaço. Um asteroide de passagem poderia capturá-las e levá-las a outras partes do Sistema Solar? A noção reforça a hipótese da panspermia, segundo a qual organismos biológicos podem viajar de um planeta a outro e se espalhar por diversos mundos. (Falo bastante dessa perspectiva de que a vida talvez não seja um fenômeno localizado, mas um processo que pode envolver múltiplos planetas, no meu novo livro, “Extraterrestres: Onde eles estão e como a ciência tenta encontrá-los”.)
Contudo, como lembra Grinspoon, ainda é muito cedo para tirar conclusões. Por ora, esse é só um achado preliminar feito de forma quase acidental. Merece um experimento controlado e mais cuidadoso, assim como análises mais concretas. Felizmente, a Estação Espacial Internacional está lá para isso.