segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Palestinos e israelenses travam guerra silenciosa por água

16 de junho, 2003 - Publicado às 20h27 GMT
Palestinos e israelenses travam guerra silenciosa por água
Água tirada do Mar da Galiléia só vai para israelenses
Água tirada do Mar da Galiléia só vai para israelenses
A água é um dos itens mais importante do conflito no Oriente Médio, mas é também um dos menos abordados.

Segundo a legislação internacional, Israel tem o compromisso de fornecer incondicionalmente água potável para os palestinos.

Mas os próprios israelenses vivem em um terreno árido e estão cercados por um deserto. No país só chove alguns meses ao ano.

"Temos uma escassez crônica de água que está piorando a cada ano. Devido ao fato de vivermos uma seca a cada ano, temos de cortar nossos suprimentos de água anualmente", diz Jacob Kaidar, responsável pelo setor hídrico do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Conflitos

A água que Israel recebe vem basicamente do rio Jordão, do Mar da Galiléia, e de duas fontes subterrâneas.

O suprimento de água é dividido entre israelenses e palestinos, mas, como todos os temas cruciais na região, é foco de grande controvérsia.

Durante a 3ª Conferência Mundial sobre Água, realizada em março deste ano em Kyoto, o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev descreveu a história do conflito pela água em todo o mundo.

Gorbachev disse que já houve 21 conflitos armados envolvendo água na história mundial recente. O líder destacou ainda que 18 destes embates ocorreram em Israel.

"A distribuição é altamente injusta", diz Yehezkel Lein, um expert em água do grupo de direitos humanos B'tselem, que ajuda a resolver problemas ligados à água no território palestino.


Vista do rio Jordão, cujos recursos são vetados aos palestinos
Ele se refere ao principal reservatório subterrâneo utilizado como fonte de água na região e ao sistema do rio Jordão.

"Em relação ao primeiro, Israel explora cerca de 80% dos recursos naturais de água e os palestinos, os 20% restantes. Quanto ao rio Jordão, os palestinos não possuem qualquer acesso", afirma Lein.

Segundo Lein, o conflito no Oriente Médio exacerbou o problema. "Há uma clara ligação entre a ocupação e a escassez de oferta de água. Israel tirou proveito de sua ocupação da Cisjordânia para se apropriar de mais fontes de água e impedir os palestinos de explorar novas fontes", afirmou.

Israel controla os suprimentos de água na Cisjordânia e na Faixa de Gaza desde o início da ocupação, em 1967.

O Acordo de Paz de Oslo de 1993 estipulou que os palestinos deveriam ter mais controle sobre a água da região e mais acesso a recursos hídricos.

Muitas regiões palestinas não possuem até hoje qualquer espécie de infra-estrutura hídrica. Uma dessas áreas é Beit Furik, um pequena cidade na Cisjordânia, próxima a Nablus.

"Temos 12 tanques para coletar água em Nablus, mas desde o início da intifada as autoridades israelenses colocaram postos de controle na estrada que proíbem os tanques de chegar a Nablus. Por vezes, eles têm de esperar entre cinco e seis horas. Às vezes, eles permanecem retidos um dia inteiro", diz o prefeito de Beit Furik, Atef Atif Hanani.

De acordo com o prefeito, muitas vezes os tanques têm a passagem liberadas, mas soldados israelenses abrem os compartimentos de água do veículo, esvaziando-os.

Jacob Kaidar, o responsável pelo setor hídrico do governo de Israel, diz que reter tanques de água é algo "totalmente inaceitável".

"Israel está comprometida a fornecer água potável aos palestinos e não pode negá-la", afirma Kaidar.

"É da natureza do conflito pessoas tentarem contrabandear materiais e infiltrar homens-bomba. Mas precisamos ter muito cuidado para não perdermos de vista a importância de entregar materiais essenciais à população", acrescenta o representante israelense.

Segundo Fuez Hanani, uma habitante de Beit Furik, só é possível tomar banho uma vez a cada duas semanas, devido à escassez de água.

Banhos raros

"Sinto raiva que os colonos judeus de Itmar bebam água limpa enquanto minha família beba água de um poço que tem água suja ou poluída", conta Fuez Hanani.

Jacok Kaidar defende que a colaboração entre israelenses e palestinos deve ser aprimorada, mas afirma que os palestinos vêm roubando água de adutoras de Israel.

"Na Cisjordânia há cerca de 250 fontes ilegais e na Faixa de Gaza são aproximadamente 2 mil", afirma.

Segundo a organização assistencial Oxfam, um problema adicional é que a já escassa infra-estrutura palestina é vítima de ataques israelenses.

"Estamos ajudando famílias pobres a construírem novos tanques d'água nos telhados de sua casa. Mas, infelizmente, esses acabam sendo um alvo fácil para os israelenses", diz Ton Berg, da Oxfam.

"Acabamos de concluir a construção de um grande tanque d'água que atenderia a toda a vila de El Boursh. Mas as forças israelenses anunciaram que irão destrui-lo, porque dizem precisar de terra oficialmente palestina para construir uma parede", conta Berg.

Israel impede Palestina de obter água, acusa Anistia

Israel impede Palestina de obter água, acusa Anistia

27 de outubro de 2009 | 15h 38

AE-AP - Agencia Estado
A Anistia Internacional (AI) acusa Israel de retirar uma quantidade desproporcional de água potável de um aquífero controlado pelo governo israelense na Cisjordânia, impedindo que os moradores palestinos obtenham sua parte. O grupo de direitos humanos sediado em Londres também afirma, em relatório divulgado hoje, que Israel impede o avanço de projetos de infraestrutura que poderiam ajudar a melhorar os reservatórios palestinos já existentes tanto na Cisjordânia quanto na Faixa de Gaza.
"A escassez afeta a vida dos palestinos", disse a pesquisadora da AI em Israel, Donatella Rovera, em entrevista ontem, antes da divulgação do documento. Funcionários israelenses negam a acusação.
Os israelenses usam mais de quatro vezes a quantidade de água por pessoa, em média, do que os palestinos, cujo consumo está abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, diz o relatório. O relatório da AI se concentra especificamente no chamado Aquífero da Montanha, localizado na Cisjordânia.
Segundo o documento, Israel usa mais de 80% da água retirada do aquífero, que é a única fonte dos moradores da Cisjordânia. Como resultado, os mais de 450 mil israelenses que vivem na região e no leste de Jerusalém usam mais água do que os 2,3 milhões de palestinos da região, diz a Anistia.
A questão da água é alvo de intensas disputas entre israelenses e palestinos e é considerada um dos assuntos que devem ser resolvidos antes que os dois lados consigam fazer um acordo de paz. O assunto piorou ainda mais após a divisão dos territórios palestinos entre o Fatah (laico), que governa a Cisjordânia, e o Hamas (islâmico), que controla a Faixa de Gaza.
O porta-voz do governo israelense, Mark Regev, qualificou as afirmações da Anistia Internacional de "completamente absurdas" e disse que Israel tem direitos legais sobre o aquífero, já que foi o primeiro a descobrir, explorar e retirar água do local.
Regev alegou ainda que Israel retira menos água do Aquífero da Montanha hoje em dia do que o fazia em 1967 e que o consumo de água pelos palestinos triplicou no período. Ele acusou os palestinos por não investirem no desenvolvimento na Cisjordânia e disse que eles fracassaram até mesmo em perfurar poços que já foram aprovados.
 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pessoas desorganizadas tem mais criatividade?

Pessoas desorganizadas tem mais criatividade?


pessoas-desorganizadas-criatividade-discovery-noticias
Quando estiver trabalhando ou estudando, as condições do escritório podem ter um efeito crucial sobre seu desempenho. Enquanto a ordem proporciona uma sensação de profissionalismo e seriedade, a desordem desperta a impressão oposta. No entanto, ambientes desorganizados contribuem para a criatividade. Mas como?
Um estudo conduzido por Kathlee Vohs, Joseph Redden e Ryan Rakhine, da Universidade de Minnesota, demonstrou que a bagunça no local de trabalho não é uma coisa negativa, pelo contrário: ajuda a desenvolver a criatividade. Sob a hipótese de que os ambientes organizados fomentam convenções sociais conservadoras, e de que os espaços desordenados incentivam as pessoas a buscar caminhos não convencionais, os pesquisadores realizaram três experimentos. O ponto de partida foi a ideia de que “ordem e desordem são estados que ativam diferentes partes do cérebro, e podem beneficiar uma pessoa com resultados diferentes”.
O primeiro experimento dividiu aleatoriamente 34 estudantes holandeses em uma sala arrumada e outra bagunçada. Os espaços eram idênticos e contíguos, com a mesma iluminação. O experimento envolveu três fases distintas: na primeira, os estudantes tiveram que responder a um questionário durante dez minutos; em seguida, deveriam escolher entre uma maçã ou uma barra de chocolate; finalmente, os pesquisadores lhes perguntaram se queriam fazer uma doação em dinheiro a uma organização que entrega brinquedos e livros para crianças.
Os resultados do primeiro experimento mostraram que os participantes da sala arrumada se mostraram duas vezes mais dispostos que os da sala bagunçada a escolher a maçã e a doar mais dinheiro. A partir disso, os pesquisadores concluíram que os espaços ordenados inspiram disciplina, escolhas saudáveis e uma atitude ética. Ou seja, confirmaram a hipótese de que os espaços organizados estimulam comportamentos bem vistos pela sociedade.
No segundo experimento, 48 estudantes norte-americanos foram divididos em duas salas. Ambos os grupos deveriam pensar e listar ao menos dez novos usos para bolas de pingue-pongue. Depois de processar os resultados, os pesquisadores descobriram que os estudantes que estavam na sala bagunçada conseguiram imaginar usos mais criativos do que os propostos pelos participantes da sala arrumada.
Segundo os pesquisadores, ambientes organizados representam virtudes rígidas e condutas morais, enquanto espaços bagunçados incentivam as pessoas a romper com essas convenções, algo fundamental para a criatividade. Ou seja, estar em um espaço desorganizado teria um efeito estimulante sobre a criatividade. ”Ser criativo implica romper com a tradição, a ordem e as convenções, e um espaço desorganizado parece ajudar as pessoas a fazerem isso”, explicam.
Finalmente, o terceiro experimento analisou os efeitos da organização do espaço sobre a preferência entre o tradicional e o novo. Para isso, 188 adultos norte-americanos deveriam escolher novos itens para a sua dieta, entre produtos cujos rótulos diziam “clássico” e “novo”.
Os adultos que estavam na sala organizada tendiam a escolher os alimentos com o rótulo “clássico”, enquanto os da outra sala preferiam os produtos com o rótulo “novo”. Ou seja, o terceiro experimento demonstrou que os ambientes ordenados estimulam a preferência pelo tradicional, não pela novidade.
Todos os experimentos confirmaram a hipótese inicial, sugerindo que “os efeitos de ordem física são amplos e têm muitas nuances. Ambientes desorganizados parecem inspirar as pessoas a se livrar da tradição, produzindo novas ideias. Já os espaços organizados reforçam as convenções e a sensação de segurança”
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Brasil compra R$ 2 bi em armas da Rússia e agora negocia caça

Brasil compra R$ 2 bi em armas da Rússia e agora negocia caça


IGOR GIELOW

DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil aprofundou sua cooperação militar com a Rússia ao fechar a compra de R$ 2 bilhões em baterias antiaéreas e admitiu participar da produção do caça de próxima geração que está sendo desenvolvido por Moscou.
Segundo o ministro Celso Amorim (Defesa), nada impede a participação brasileira no projeto do Sukhoi T-50, caça que tem cinco protótipos voando e que servirá de base para um modelo a ser produzido em conjunto com a Índia.
Amorim fez o comentário após reunião com seu colega Sergei Shoigu. Reafirmou que o processo para comprar caças de geração atual, o F-X2, segue com três concorrentes: o americano F/A-18, o francês Rafale e o sueco Gripen NG.
Os russos não fizeram ofertas formais de seu modelo atual, que ficou de fora do F-X2, o Sukhoi-35. Segundo a Folha apurou, contudo, a Força Aérea recebeu uma consulta informal para receber uma espécie de "combo".
Maxim Shemetov/Reuters
O Sukhoi T-50, caça de quinta geração da Rússia, pode ser comprado para a FAB
O Sukhoi T-50, caça de quinta geração da Rússia
Pela oferta, o Brasil receberia Sukhoi-35 para substituir seus Mirage-2000 que serão aposentados neste ano enquanto o T-50 não atingir estágio operacional, o que deve ocorrer só após 2016. O novo caça só deverá ter produção comercial no fim da década.
No encontro com Amorim, Shoigu falou genericamente que poderia fazer leasing de equipamento militar russo. Isso foi lido com uma senha para a solução intermediária.
A compra dos caças se arrasta desde 2001. O F/A-18 tinha superado o Rafale no favoritismo, mas o escândalo da espionagem americana travou o negócio politicamente. A ampliação da cooperação com a Rússia ocorre no momento em que a relação Brasil-EUA está abalada.
O T-50 é o projeto de caça de quinta geração em estágio mais avançado no mundo. Só os EUA têm um avião deste tipo hoje, o F-22. A denominação é genérica e indica a adoção de itens como alto índice de informatização e capacidade de voo furtivo, o chamado "invisível ao radar". Sua grande vantagem é a abertura da Rússia a cooperações -os EUA não vendem o F-22.
Para que a negociação ande, os russos deverão melhorar seu pós-venda. Segundo aFolha apurou, a delegação de Shoigu recebeu reclamações sobre peças de reposição e manutenção dos helicópteros de ataque Mi-35 que estão sendo fornecidos à FAB.
O fato de ter sido sacramentado o próximo passo para a compra de baterias antiaéreas Pantsir-S1, um produto de alta tecnologia, indica que o Brasil deu um voto de confiança a Moscou.
Amorim ressaltou que a ideia não é a compra em si, mas a capacitação tecnológica. A previsão é de que uma empresa brasileira, que poderá ser a Odebrecht Defesa, venha a produzir a arma. O contrato deverá ser assinado em meados de 2014. Prevê a compra de três baterias mais duas de lançadores Igla-S.
Editoria de arte/Folhapress

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Envelhecimento prejudica tomada de decisões racionais, diz estudo

30/09/2013 16h35 - Atualizado em 30/09/2013 16h35

Envelhecimento prejudica tomada de 

decisões racionais, diz estudo

Cientistas da Austrália e dos EUA analisaram 135 pessoas de 12 a 90 anos.
Riqueza, saúde e política são as áreas mais afetadas por escolhas ruins.

Tanto adolescentes quanto idosos são mais alheios aos riscos (Foto: Raphael Buchler/Image Source/Arquivo AFP)Tanto adolescentes quanto idosos são mais alheios
a eventuais riscos que podem decorrer de decisões
(Foto: Raphael Buchler/Image Source/Arquivo AFP)
O processo de envelhecimento afeta, entre outras funções cerebrais, a capacidade que uma pessoa tem de fazer escolhas racionais, aponta um novo estudo coordenado pela Universidade de Sydney, na Austrália, em parceria com as universidades Yale e de Nova York, nos EUA.
Os resultados foram publicados na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS) desta segunda-feira (30).
A cientista Agnieszka Tymula e seus colegas examinaram diferenças na tomada de decisões em 135 indivíduos entre 12 e 90 anos, com foco na racionalidade, na consistência das escolhas e nas preferências de cada um diante de riscos conhecidos e desconhecidos, envolvendo perda ou ganho de dinheiro.

Ao observar como os idosos avaliam os riscos na hora de fazer escolhas, os pesquisadores identificaram um comportamento semelhante ao dos adolescentes. Isso significa que, ao longo da vida, parece haver uma curva em forma de U invertido que guia as pessoas: os riscos são ignorados no início, depois levados em conta na meia-idade, até voltarem ao primeiro estágio.
Segundo os autores, adultos com 65 anos ou mais – mesmo saudáveis – tomaram decisões "surpreendentemente inconsistentes" em comparação com os voluntários mais jovens, o que revela uma perda nessa habilidade cognitiva de forma semelhante a outros declínios funcionais relacionados à idade avançada.
Essas decisões pouco racionais podem envolver desde temas ligados à riqueza (idosos assumem empréstimos com taxas de juros mais altas ou subestimam o valor de seus imóveis), até à saúde (falham ao escolher planos de saúde adequados) e à política (são mais propensos a cometer erros em votações).
No entanto, os cientistas destacam que a população acima dos 65 anos continua crescendo em todo o mundo, mesmo com a saúde e a qualidade de vida prejudicadas. Cerca de 13% dos idosos com mais de 71 anos sofrem de algum tipo de demência e 22% apresentam um declínio cognitivo grave, segundo os autores.